Cansado de ouvir "má gestão" como resposta? Tenho algo novo a dizer.
- expert empresarial
- 14 de abr.
- 3 min de leitura
Já virou clichê: quase todo relatório sobre crise empresarial aponta como um dos principais problemas, ou o principal problema, a “má gestão”. Mas o que define exatamente má gestão? Não te parece uma sentença simplista e abstrata? Digo mais: muitas vezes é reducionista.
Diversos fatores e circunstâncias podem estar envolvidos na instalação de uma crise no qual a má gestão é apenas uma consequência e não a causa.
Por exemplo, fatores externos como crise econômica, calamidades públicas, mudanças de legislação podem surpreender lideranças e deixá-las em maus lençóis. Lideranças acostumadas a gerir em um determinado cenário e de repente se viram obrigadas a lidar com uma nova e abrupta realidade na qual não conseguem lidar de imediato.
Resumir a crise em tais casos como má gestão, oculta aspectos mais precisos e enriquecedores do meu ponto de vista. “Má gestão” contém uma carga implícita de culpa, irresponsabilidade, incompetência, definição essa que, além de injusta, nestes casos não reflete a realidade, ou a sua inteireza.

Talvez a resposta mais precisa fosse a “falta de um plano de ação para situações extraordinárias resultou em ações errôneas e inação comprometedora”.
Certamente, a dita má gestão é uma resposta totalizante e satisfatória em muitos casos, desde que seja especificada. Afinal, uma gestão engloba muitos aspectos, de características pessoais a processos gerenciais.
Não detalhar o que representa na avaliação executada a má gestão é apenas rechear relatório de frases prontas e intangíveis. Seu dinheiro precisa valer mais.
Eu não vou me deter aqui em características individuais, existe uma vasta literatura esmiuçando o comportamento de líderes de destaque. Neste artigo, proponho focar nos aspectos gerenciais, os sintomas práticos e as condições típicas de má gestão em curso.
Acredito que detalhar esses aspectos seja mais educativo, esclarecedor e torne mais concreto e menos abstrato um caso inconteste de gerenciamento inapetente.
Defeitos habituais de processos gerenciais ineficientes
Uma característica típica de uma condução errática diretiva é a autocracia. Ocorre quando o diretor-presidente de uma organização centraliza as ações e não admite ser contrariado. Essa personalidade, descrita por Charles Handy em seu livro “Understanding organizations”, é classificada como Zeus, o senhor onipotente. Há casos bem-sucedidos de empresas dirigidas por um Zeus, entretanto, o que diferencia um autocrata bem-sucedido de um mal-sucedido é a sua capacidade de se adaptar e aceitar sugestões de seus subordinados. Capacidade não tão frequente.
Acúmulos dos cargos de diretor-presidente executivo e de presidente do conselho de administração: O problema de empresas em que há acúmulos de cargos-chave para um indivíduo é o relaxamento quanto a fiscalização sobre o trabalho de altas patentes ou do executivo-chefe.
Conselho de administração e direção ineficientes: são assim caracterizados quando o presidente do conselho exerce trabalho essencialmente burocrático, isto é, não discute e nem analisa as principais questões da empresa, e os conselheiros não participam ativamente dos temas tratados no conselho.
Outro sintoma de conselho ineficiente: os diretores executivos participam somente quando o assunto do dia afeta diretamente suas áreas de responsabilidade.
Também destaco como sintoma a falta de diversidade no grupo de membros do conselho. Empresas em declínio têm como ponto comum a falta de diversidade de competências entre seus quadros de colaboradores e administradores.
Gestores que não gerenciam: apenas administram. Sim, há diferença. Administrar é conservar o status quo e gerenciar é promover mudanças permanentes para sobreviver no mercado competitivo. Muitos ainda vivem na ilusão que time que está ganhando não se mexe. Mas a realidade é outra: time que inova não se mexe.
Negligência da gestão para com seus negócios-chave: também muito frequente. Geralmente, ocorre com empresas em crescimento que começam a diversificar seus negócios. Com o crescimento, acabam por dividir tempo e energia e se complicarem para administrar a nova rotina. O esforço em consolidar as novas empreitadas, quando não bem administrado, desvia a atenção necessária do negócio chave responsável pelo crescimento — que sofre abalos.
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